segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ser mãe

Ele é o nó no meu cabelo,
O esmalte descascado na minha unha,
As olheiras no meu rosto.
Ele é o carrinho na minha gaveta de roupas,
O amassado nas páginas do meu livro,
O rasgado no meu caderno de anotações.
Ele é o melado no controle remoto,
O canal da televisão,
O filme no dvd.
Ele é o farelo no sofá,
As tesouras no alto,
A baba no celular.
Ele é o backup no computador,
O mouse escondido,
As cadeiras longe da janela.
Ele é a marca de mão nos móveis,
O embaçado nos vidros
O desfiado nos tecidos.
Ele é o ventilador desligado,
A porta do banheiro fechada
A gaveta da cômoda aberta.
Ele é o cóque na minha cabeça,
As frutas fora da fruteira,
Os panos de prato amarrando os armários.
Ele é o meu shampoo cheio de água,
A espuma no chão do banheiro,
O brinquedo dentro da privada.
Ele é o interruptor, as tomadas
Os imãs da geladeira, os riscos nos cds.
Ele é o avião que voa por cima da casa,
O trem que apita de longe,
Todo cachorro que late, todo carro que passa.
Ele é o peixe do aquário,
A árvore de Natal,
Os “pisca-pisca” de todas as casas.
Ele é o círculo, o susto, as goiabas...
A primeira visão da lua no começo da noite...
O valor do trabalho, a vontade de aprender,
A minha força
A minha fraqueza.
Ele é o aperto no meu peito diante de uma escada,
A ausência do meu sono diante de uma febre,
Os meus olhos fechados diante de uma vacina.
Ele é o meu impulso, o meu reflexo, a minha velocidade.
Ele é as formigas na minha cama,
O cheirinho no meu travesseiro
Os cantinhos,
O barulho,
A metade,
O azul.
Ele é o vazio triste no silêncio de dormir
O meu sono leve durante a noite
A checada nas cobertas de madrugada.
Ele é o meu ouvido aguçado enquanto durmo
A minha pressa de levantar da cama,
A minha espera do bom dia.
Ele é o arrepio quando me chama,
A paz quando me abraça,
A emoção quando me olha.
Ele é o meu cuidado, a minha fé,
O meu interesse pela vida
A minha admiração pelas crianças,
O meu respeito pelas pessoas
O meu amor por Deus.
É o meu ontem,
O meu hoje
O meu amanhã
Ele é o motivo,
A inspiração
A poesia.
A lição, o dever
O remédio, a terapia.
Ele é a presença, a surpresa
A saudade...
A esperança

A minha dedicação.
A minha oração.
A minha gratidão.

Autora: Nádia Maria, para o filho Zion. Publicado originalmente em:
http://www.nadiamaria.com/zion

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Investigando as Causas do meu aborto

Eu sou assim, sempre que me deparo com um problema na vida e vislumbro a chance dele não vir a acontecer mais, luto até o fim para que assim seja. Não considero perda de tempo... Seria sim, se eu cruzasse os braços e mergulhasse de cabeça numa nova chance de fracasso. E não seria interessante se desse para evitar um sofrimento futuro desnecessário? Penso, porque não, e se for possível evitar?
Por que não aumentar suas chances de sucesso? O mínimo que vc pode conseguir é uma consciência tranquila, pois vc fez tudo ao seu alcance para que não houvesse novo fracasso. Seu emocional agradecerá. Seu físico também. Acredito muito em Deus, e acredito: que não adianta eu só pedir à ele mas sem ter atitudes... Fé eu tenho e muita, mas custa dar uma forcinha à Deus? Não seria incoerente aos olhos de Deus eu só pedir,  chorar e sofrer, ignorando a verdade de que, há algumas atitudes que só a mim cabe tomar? Deus é amor... E também inteligência.

Bebê quando acorda de Noite

Querida mamãe,

Esta noite acordei estranhando o silêncio. Não havia barulho algum e pensei que o mundo tinha até acabado e você esquecido de mim. Coloquei a boca no trombone e você apareceu. Ainda bem. Fiquei tão feliz no calor do seu peito que acabei pegando no sono antes de mamar tudo o que precisava. Quando percebi que você ia me colocar no berço, chorei de novo. Mas não tente negar, você estava com pressa para ir dormir outra vez.

Você me deu de mamar novamente, assim, meio apressadinha e depois resolveu trocar a minha fralda. Estava tudo calmo, um silêncio, nós dois juntinhos, tão legal que eu perdi o sono. Você até que foi compreensiva, mas começou a bocejar um pouco e resolveu me fazer dormir. Eu não queria dormir. Talvez precisasse de mais dez minutos ou meia hora, mas você estava mesmo decidida a dormir. Foi ficando bem nervosa e até chamou o papai. Eu não queria o papai e todos fomos ficando muito irritados.

No final das contas, acordei a casa inteira cinco vezes. Pela manhã, nossa família estava com cara de quem saiu do baile. Acho que estraguei tudo. Imagina, você que chegou a dizer para o papai que eu estou com problema de sono. Eu não! Você é que vem me dar de mamar com pressa e daí eu sinto que você não quer ficar mais comigo.

Os adultos têm hora certa para tudo, mas eu ainda não entendi essas coisas de relógio e tarefas estafantes que vocês precisam fazer. Quando meu corpo está com o seu, quero ficar do seu lado sem me separar nunquinha. Do alto dos meus 3 meses, ainda não descobri direito que você é uma pessoa e eu sou outra. Um dia eu vou sair por aí, vou telefonar e posso deixá-la doida para saber o que anda fazendo e, então, você vai entender como me sinto agora. Mas não precisamos dessa guerra, mamãe.

Até lá, já podemos nos entender, inclusive através das palavras. Sinto a angústia da separação, pois acabei de passar por essa experiência. Você também, mas vive tudo isso como uma adulta consciente. Eu ainda estou vivendo no inconsciente. Eu não sei andam tudo é tão novo pra mim aqui fora. Mas eu tenho absoluta certeza de que vou aprender tudinho o que você me ensinar através dos seus sentimentos em relação a mim.

Mamãe, você quer um conselho de bebê? Quando eu chorar à noite, não salte logo para o meu quarto desesperada, como se o mundo fosse acabar.

Espere um pouco, respire profundamente, ouça o meu choro até que ele atinja o seu coração. Sinta seu tempo, realmente acorde e venha me pegar. Me abrace devagar, não acenda a luz, fale bem baixinho e me dê o seu peito para eu mamar. Depois que eu arrotar, mais um pouco só de paciência, pois, nós bebês, somos sensíveis aos sentimentos dos adultos. Se eu sentir que você está com pressa, sou capaz de armar o maior barraco, mas se você esperar até o meu segundo suspiro, quando meus olhos ficam bem fechados, minhas mãos e pernas bem molenguinhas, aí sim você pode me colocar no berço que eu não acordo antes de sentir fome outra vez. À medida que você desenvolver sua paciência, mamãe, eu estarei desenvolvendo minha tranquilidade e nós não teremos mais noites desagradáveis. Apenas noites de mamãe e bebê, que um dia passam, como tudo na vida.

Sempre seu, gu-gu dá-dá!

(Texto distribuído no Curso de Gestantes da Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Curitiba, PR)

Texto de Claudia Rodrigues autora do livro "Mamães mais que Perfeitas"

Aborto de Repetição

CAUSAS
DO ABORTO
DE REPETIÇÃO

Causas genéticas
A anormalidade mais freqüente é a translocação balanceada observada no cariótipo de um dos parceiros. Outras anormalidades cromossômicas que podem ser encontradas são: mosaicismo sexual, inversão cromossômica e cromossomos em anel. Essas aberrações cromossômicas irão gerar embriões com cromossomopatias, evoluindo para aborto.

Causas endócrinas
Dentre elas a mais relatada é a Insuficiência de Corpo Lúteo, caracterizada por uma produção diminuída de progesterona na segunda fase do ciclo, período de implantação, onde tal hormônio tem participação fundamental. A suplementação de progesterona na segunda fase do ciclo é bastante discutida. Diabetes mellitus se mostra envolvido na etiologia do aborto de repetição desde que esteja descontrolado. Patologias da tireóide (hiper e hipotireoidismo) quando bem controladas não se relacionam com aborto de repetição, porém é sabido que anticorpos antitireoidianos estão intimamente relacionados com o problema, embora o mecanismo não seja conhecido.

Causas anatômicas
As mais descritas são: malformações uterinas (mullerianas ou exposição DES), pólipos uterinos, sinéquias, miomatose uterina, incompetência istmo cervical. Algumas alterações anatômicas são mais relacionadas com perdas gestacionais tardias (durante o segundo trimestre) ou trabalho de parto prematuro, como por exemplo: incompetência istmo-cervical, miomatose uterina.

Causas infecciosas
Atualmente é bastante questionável a relação entre infecções genitais por clamídia, micoplasma e ureaplasma e a elevada incidência de aborto de repetição.

Causas hematológicas
Nos últimos anos, tem-se descrito uma relação entre distúrbios da coagulação, tendência a tromboembolismos (trombofilias), com maus resultados gestacionais, entre eles abortos de repetição e infertilidade. Entre as trombofilias descritas como tendo relação com abortos de repetição podemos destacar trombofilias hereditárias e adquiridas.

Causas imunológicas
Podem ser divididas em causas autoimunes, aloimunes e síndrome antifosfolípide.

Causas ambientais
É descrita uma maior incidência de abortos espontâneos em pessoas com hábito de ingestão excessiva de café, álcool e tabagismo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Bebês não precisam tomar banho logo após o nascimento

O bebê nasce e logo vai para o berçário onde toma o primeiro banho que é acompanhado pelo vidro pelo pai e familiares que fotografam e filmam empolgadamente. A cena é comum em todas as maternidades particulares do país, mas o bebê realmente precisa do banho nas primeiras horas de vida? O bebê vai curtir aquilo?

O pediatra Douglas Nóbrega Gomes diz que não. “Não há necessidade de dar banho, como a maioria das maternidades faz. A gordura que o bebê tem na pele quando nasce é a melhor proteção nas primeiras 24 horas”, explica o pediatra. Segundo ele, o sabonete também não precisa ser usado, ou seja, o banho deve ser feito apenas com água morna.

Gomes, que trabalha na Casa Curumim, em São Paulo, diz ainda que o primeiro banho pode ser no quarto junto com a mãe. O médico conta que dá preferência em dar o banho com o bebê enrolado em panos e dentro do balde. “Desta maneira, ele relaxa e até dorme no banho”, explica. Nos banhos tradicionais nos berçários, a cena geralmente é da criança chorando por estar naquele ambiente estranho e longe da mãe.

De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Pediatria, não é preciso dar banho imediatamente após o nascimento e o vérnix caseoso (a camada de gordura que recobre a pele do recém-nascido) não deve ser removido. A remoção do vérnix que não foi reabsorvido pelo organismo deve ser feita  somente 24 horas após o nascimento.

Como nem todas as maternidades seguem essas recomendações, mães têm contrato pediatras particulares para acompanhar o parto, ou seja, dispensam o que está de plantão na maternidade. A internacionalista Larissa Gama Maglio, 31, optou em contratar uma médica no nascimento do filho Pedro, ocorrido há quase três meses em uma maternidade particular de São Paulo.

Larissa conta que o banho só ocorreu no dia seguinte ao nascimento e que o filho ficou tranquilo e que quase dormiu. “A carinha de relaxado dele foi o máximo”, comenta. Outra vantagem do pediatra particular, diz a mãe, é ficar o tempo todo com o bebê.

Os pais que são atendidos pelos pediatras de plantão também podem exigir o alojamento conjunto durante todo o tempo da internação, ou seja, o bebê não precisa ficar horas separado da mãe no berçário. Muitas vezes, no entanto, é encontrada resistência por parte dos funcionários das unidades que seguem os chamados ‘protocolos’. “O alojamento conjunto é um direito. E é o melhor  para mãe e bebê. O berçário é um ambiente ‘frio’ onde o  bebê fica sozinho, em um berço transparente, exposto. O ideal é estar sempre perto da mãe”, comenta.

A mãe de Pedro comenta que foi decisivo a opção de contratar um pediatra extra quando visitou amigas nas maternidades pouco antes do filho nascer. Segundo ela, muitos bebês estavam tomando leite de fórmula que era prescrito pelo pediatra do hospital. “Sempre quis dar só o meu leite”, comenta.
CUIDADOS NO NASCIMENTO

O pediatra diz que o bebê que nasce bem deve ir para o colo da mãe imediatamente, como recomendado pelo Ministério da Saúde. Essa medida deve ser adotada independente se o bebê nasceu de parto normal ou cesárea. “Os bebês devem nascer e ir para o colo da mãe, ter o chamado contato ‘pele a pele’. Somente depois de mamar ele será medido e pesado”, orienta.

Está cientificamente comprovado que os bebês que mamam na primeira hora de vida têm maior possibilidade de estender seu período de amamentação exclusiva, chegando com mais facilidade ao ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde de alimentar os bebês exclusivamente ao seio até os seis meses de vida e manter a amamentação, junto com alimentos complementares, até dois anos de vida ou mais.

As aspirações das vias aéreas dos bebês também não são necessárias na maioria dos nascimentos. “O bebê só será aspirado caso seja necessário. Apenas 10% dos bebês precisam ser aspirados. Desde 2010 está técnica não é mais utilizada de praxe”, comenta. Essas medidas acontecem apenas se a criança nasceu bem e essa avaliação é feita em poucos minutos pelo pediatra.

“Depois do  nascimento, o pediatra avalia com atenção o estado do bebê, ou seja, se ele não é prematuro, se o líquido amniótico é claro, isto é, sem mecônio; se a respiração é regular, e se os braços e as pernas estão flexionados. Se isto acontecer, o nascimento ocorreu de forma ideal”, explica.

Se está tudo dentro da normalidade, o recém-nascido que vai direto para o colo da mãe, segundo o médico, se adapta com mais tranquilidade ao novo ambiente menos quente, mais barulhento e com maior força de gravidade do que o intrauterino.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Alfabetizar precocemente significa empurrar a criança para o mundo adulto antes da hora

É possível alfabetizar uma criança com menos de 7, 6 ou até 5 anos de idade? Sim, é possível alfabetizar muito cedo uma criança. Mas será uma alfabetização significativa? Que comprometimentos podem advir do que entendemos como aceleração da alfabetização? Qual é o ganho efetivo para a criança?

Ouço muitas vezes no consultório os pais preocupados com o futuro caminho profissional definido pelo vestibular de seu filho ou filha de apenas 3, 4, 5 anos. Quando pergunto aos pais o que eles entendem do brincar de sua criança, geralmente respondem que é apenas um passatempo, exceto pelos jogos de raciocínio. Eles consideram importante preparar a sua criança para a vida, para a competição do mundo, para uma profissão que lhe dê “felicidade” – palavra quase sempre atrelada a “dinheiro”.

No entanto, se olhamos a criança quando ela está brincando, fantasiando, subindo em árvores ou correndo com outras crianças, verificamos um universo muito particular no qual ela desenvolve capacidades e uma confiança que, muitas vezes, não encontramos no universo dos adultos bem sucedidos. É por esse motivo que nas escolas Waldorf nós defendemos que até pelo menos os 6 ou 7 anos a criança simplesmente… brinque. O tempo que alguns julgam que ela “perde” por não ser rapidamente alfabetizada, ela na verdade ganha, acumulando forças internas para poder enfrentar o mundo que às vezes tanto preocupa os adultos.

Há quase 100 anos da fundação da primeira escola Waldorf na Alemanha, baseada em uma concepção de mundo denominada de Antroposofia, elaborada por Rudolf Steiner, confiamos cada vez mais nos resultados dessa prática, hoje disseminada em mais de 3 mil instituições em todo o mundo (com cerca de 25 escolas no Brasil, e dezenas de jardins de infância) orientando educadores quanto a essa questão. A antropologia antroposófica reconhece a importância do desenvolvimento físico, anímico e espiritual do ser humano em formação. Os sete primeiros anos da criança, por exemplo, representam uma fase de grande dispêndio de energia para preparar toda uma condição física. Isso se evidencia em um desenvolvimento neurológico e sensorial que tem sua expressão no domínio corporal, na linguagem oral, na fantasia, na inteligência.

Contudo, é na atividade do brincar que essas capacidades são desenvolvidas com alegria e seriedade, com atenção e responsabilidade, com segurança e confiança em um mundo bom, que não exige da criança além de suas possibilidades, ou seja, uma entrada precoce no mundo adulto. E alfabetizar precocemente significa empurrar a criança para o mundo adulto (para o qual ela não está preparada, portanto) antes da hora, um gasto de energia que poderá fazer falta na vida futura dela.

Em minha experiência docente, assim como psicopedagógica, sempre constato que, para uma criança pequena, o código alfabético é estéril, sem cor, sem beleza, pois é abstrato e desconhecido. Mesmo depois de alfabetizada, é o desenho que representa tão significativamente as suas vivências. Podemos verificar tal condição quando estudamos a escrita gráfica de nossos antepassados longínquos e a forma de comunicação de nossas crianças, o desenho. A escrita do povo egípcio, os hieróglifos, é a representação objetiva da realidade, ou seja, a re(a)presentação do mundo sensório pelo desenho. Mas quando em 3.000 a.C. surgiu a escrita fonética dos fenícios, ocorreu um distanciamento dessa forma de expressão, porque as letras não tem mais relação direta com os elementos do mundo circundante.

O desenho da criança é a forma de comunicação natural, semelhante aos antigos egípcios, que revela seu universo infantil com o código que lhe é caro e próprio. Quando a sua criança lhe mostra um desenho que tenha feito, ela está lhe contando como vê o mundo, como se sente, se está alegre ou triste. Não é só a escrita que é capaz disso.

Nas escolas Waldorf a alfabetização pelo código fonético inicia-se pelo desenho, de forma lenta e gradual, a partir dos 6 1/2 ou 7 anos, mas o desenho e a pintura correm em paralelo por toda a escolaridade, como uma forma de comunicação tão importante quanto nossa linguagem escrita.

A pedagogia Waldorf pressupõe que o professor, realizador dessa pedagogia, conheça o ser humano em seu desenvolvimento geral, respeite o contexto sociocultural em que o aluno está inserido e sua individualidade, saiba organizar seu ensino privilegiando a brincadeira, o canto, a dança, para que a alfabetização (e qualquer outro conteúdo de ensino) tenha significado e seja efetiva.

O brincar da criança, seu desenho, sua imaginação e sua criatividade, fazem parte de seu aprendizado sobre o mundo e sobre si mesma. O brincar representa o princípio lúdico que embasa as atividades dinâmicas e artísticas e pode orientar toda a prática docente, mas que também dá significado ao ensino-aprendizado, pois pode expressar o motivo, assim como, o vínculo afetivo com o professor e com o conteúdo.

Termino com uma frase do filósofo Friedrich Schiller: “O homem só brinca ou joga enquanto é homem no pleno sentido da palavra, e só é homem enquanto brinca ou joga”.

Texto de Sueli Pecci Passerini, publicado no caderno Aliás do jornal O Estado de São Paulo, p. J8, 30/9/12. (Versão revista em 9/11/12). Retirado do grupo Pedagogia Waldorf para a Família, no Facebook.

Sueli Passerini é Doutora em psicologia pela USP (Universidade de São Paulo), professora da FAAP e autora de O Fio de Ariadne – um caminho para a narração de histórias, 3a. ed., São Paulo: Editora Antroposófica, 2011. Integra a Aliança pela Infância e é professora dos cursos de pós-graduação em Pedagogia Waldorf no Centro Universitário Italo Brasileiro de São Paulo e Universidade Santa Cecília de Santos.

Fonte: http://www.coisademae.com/2013/05/alfabetizar-precocemente-significa-empurrar-a-crianca-para-o-mundo-adulto-antes-da-hora/

Canta sua Canção

Existe uma tribo na África, onde a data de nascimento de uma criança é contado não a partir de quando eles nasceram, nem a partir de quando elas são concebidas, mas desde o dia em que a criança era um pensamento na mente de sua mãe. E quando uma mulher decide que ela vai ter um filho, ela sai e senta-se debaixo de uma árvore, sozinha, e ela escuta até que ela possa ouvir a música da criança que quer vir. E depois que ela ouviu a música desta criança, ela volta para o homem que será o pai da criança, e ensina a ele. E então, quando eles fazem amor para conceber fisicamente a criança, eles cantam a canção da criança, o tempo todo, como uma maneira de convidá-la.

E então, quando a mãe está grávida, a mãe ensina a música que da criança para as parteiras e as mulheres mais velhas da aldeia, para que quando a criança nascer, as velhas e as pessoas ao redor dela cantarão a canção da criança para recebê-lo. E então, quando a criança cresce, os outros moradores conhecem a canção da criança. Se a criança cai, ou dói seu joelho, alguém pega e canta sua canção para ele. Ou talvez a criança faz algo maravilhoso, ou passa pelos ritos de puberdade, então, como uma forma de homenagear essa pessoa, as pessoas da aldeia cantam sua canção.

Na tribo Africana há outra ocasião na qual os aldeões cantam para a criança. Se em algum momento durante a sua vida, a pessoa comete um crime ou ato social aberrante, o indivíduo é chamado ao centro da vila e as pessoas da comunidade forma um círculo ao seu redor. Em seguida, eles cantam sua canção para ele.

A tribo reconhece que a correção para o comportamento anti-social não é a punição, que é o amor ea lembrança de identidade. Quando você reconhece a sua própria música, você não tem nenhum desejo ou necessidade de fazer qualquer coisa que possa ferir o outro.

E vai este caminho através de sua vida. No casamento, as músicas são cantadas, juntas. E, finalmente, quando a criança está deitada na cama, agora ancião, pronto para morrer, todos os moradores conhecem sua canção, e cantam pela última vez, a música para essa pessoa.

Você pode não ter crescido em uma tribo Africana que canta sua canção para você nas transições cruciais da vida, mas a vida é sempre lembrá-lo quando você está em sintonia com você e quando você não está. Quando você se sentir bem, o que você está fazendo jogos sua canção, e quando você se sente horrível, isso não acontece. No fim, todos nós reconheceremos as nossas canções e cantaremos bem. Você pode sentir um pouco ansioso no momento, mas todos os grandes cantores também tem. Basta continuar a cantar, e você vai encontrar o seu caminho de casa.